segunda-feira, 4 de abril de 2011

Um perigo que ronda...

Estou há dias tentando escrever sobre um assunto bem complicado, ainda mais por ter sentido na pele...a depressão pós parto. Bom, sei que é difícil, mas é muito importante compartilhar minha experiência. Tive uma gravidez maravilhosa, muito desejada, tive muito amor, carinho e apoio da minha família e do meu marido. Tenho amigas maravilhosas que me deram dicas, conselhos e colo quando eu precisava. Tenho um serviço do qual eu gosto muito, enfim, tinha toda uma extrutura à minha volta, ou seja, ter depressão pós parto nem passava pela minha cabeça. Minha gravidez foi tranquila, não tive nenhum problema grave, fiquei muito disposta e feliz durante toda a gestação. Passei por um período de nervosismo e tensão no começo, pois fiquei grávida bem no início do surto de H1N1, mas tirando isso, tive uma gravidez realmente maravilhosa.
Bem, após o parto da Laís, comecei a me sentir muito indisposta, cansada, mas achava que era normal por ter passado por uma cesárea. Então começou minha nova rotina, adaptação com a bebê, a descida do leite, todos os cuidados, as noites em claro, a privação do sono, os cuidados com a cicatriz da cirurgia, e os dias foram passando e eu cada vez mais triste. Achava difícil cuidar da minha filha, me sentia insegura, tinha medo de fazer alguma coisa errada. Ela começou a ter refluxo, e eu fui ficando apavorada, com medo dela engasgar, aspirar, morrer!!!Começaram as crises de choro, eu tinha pânico de ficar sozinha com ela, tinha medo de acontecer alguma coisa, e de noite, eu várias e várias vezes levantava para colocar o dedo em baixo do nariz dela pra sentir sua respiração. Eu não conseguia curtir a maternidade, eu não relaxava. Então começou a neurose com limpeza. Eu sempre cuidei muito bem da minha casa, sempre gostei de deixar tudo limpo e organizado, e com a neném precisando de mim o tempo todo, não sobrava tempo pra cuidar da minha casa da maneira que eu queria. Também não queria chamar ninguém pra limpar, meu marido se oferecia, amigas se ofereciam, poderia também chamar uma diarista, mas eu não queria. Eu mesma queria limpar tudo. As pessoas vinham na minha casa, viam tudo limpo e organizado, mas eu enxergava sujeira e bagunça para todos os cantos. Nos momentos em que minha neném dormia durante o dia, eu virava um trator, correndo para fazer tudo que eu achava que devia fazer, ao invés de deitar com ela e descansar. Acabei ficando estafada. Quando ela dormia de noite, em menos de cinco minutos eu apagava atrás. E quando ela acordava para mamar de madrugada, eu tinha a impressão de que havia dormido somente por um ou dois minutos. Minhas amigas me ligavam e eu só sabia chorar e reclamar. Algo estava errado. É normal sentir tristeza, mas quando ela se prolonga por dias e dias, é hora de pedir ajuda antes que seja tarde. Enfim, de tanto a minha mãe e meu marido ficarem falando pra eu conversar com meu médico, lá fui eu, no retorno de um mês do pós parto pedir ajuda. Contei tudo para meu médico, tudo o que eu sentia, e ele então perguntou se eu estava rejeitando a neném. Eu respondi que não, que eu cuidava muito bem dela, que amava ela mais que tudo, mas que estava muito difícil cuidar dela, pois eu tinha medo de tudo. Tinha medo dela ficar doente, tinha medo de machucar na hora de dar banho, tinha medo dela se afogar nas mamadas, tinha medo dela morrer dormindo, tinha medo dela ficar com febre durante a noite e eu não perceber. Tinha medo dela se sufocar com o cobertor, tinha medo dela regurgitar dormindo, enfim, era uma neurose só. Então ele me explicou que era depressão pós parto, num grau leve, mas era. Importante começar a tratar com medicação, antes que se agravasse. Eu expliquei que não tinha motivo nenhum para estar com depressão, pois minha vida era ótima, minha nenem era o sonho da minha vida, enfim, não havia o porque desse quadro. Meu médico explicou que essa alteração é de ordem hormonal, que algumas mulheres podem desenvolver esse quadro, principalmente quando passam por uma cesárea. Enfim, comecei a tomar uma medicação específica para isso, um simples comprimido pela manhã, que mudou a minha vida. Em 20 dias eu estava completamente restabelecida. Hoje eu lembro desses dias, como se fossem dias negros em minha vida, e que eu deveria ter conversado antes com meu médico, mas a gente não quer dar o braço a torcer que algo não vai bem. Então aí vão alguns conselhos, baseados nessa minha experiência:
  •  Antes de ganhar seu bebê, converse com seu marido, companheiro, mãe, irmã, amiga, ou seja, quem estiver perto de você, para que observe você atentamente no seu pós parto, e a qualquer sinal de alerta, te dar um toque ou até avisar seu médico.
  • É normal sentir um pouco de tristeza após o parto, principalmente se for cesárea, pois algumas pessoas tem reação após a anestesia, que é um sentimento de tristeza. Eu tive isso por duas vezes, e muitas pessoas me relaram que tiveram também. Mas se essa tristeza persistir com o passar dos dias, ligue seu radar, algo pode estar ocorrendo.
  • Não se preocupe com a limpeza da casa, faça o que você puder, aceite ajuda de todos, e descanse. Sempre que o bebê dormir durante o dia, deite junto e durma. Tenho certeza que foi a falta de sono que agravou meu caso.
  • Não pense duas vezes antes de pedir ajuda. A sociedade nos cobra uma postura de mulheres fortes, e as vezes admitir que está cansada, exausta e triste é tido como demonstrar uma faceta de fraqueza, ainda mais neste momento em que queremos estar fortes para cuidar de nossos bebês. Deixe essa bobagem de lado. Não tente bancar a forte, você acabou de passar por um parto, seja ele qual for, sempre é desgastante. A quarentena, a dieta que a mulher precisa passar não é a toa. As mulheres de antigamente é que faziam certo, ficavam realmente de dieta, sem fazer esforço, só cuidando do bebê, e as mulheres a sua volta, fossem da família ou da vizinhança, se reuníam para ajudar e fazer as tarefas para a nova mãe. Nós mulheres modernas, queremos dar conta de tudo, achamos bobagem ficar descansando, mas tudo isso tem um propósito. Então, descanse, deixe seu corpo e seus hormônios voltarem  ao normal, durma muito, e só se preocupe com o seu bebê. A casa, a roupa, se dá um jeito depois. Essa é a minha opinião, e se tiver outro filho, é exatamente como vou agir.
  • Se o seu médico prescrever uma medicação para tratar a depressão, tome sem medo. Tire todas as suas dúvidas com ele com relação a amamentação, se o remédio é seguro para o bebê. As medicações hoje em dia são bem seguras, mas sempre é bom conversar com o médico e tirar todas as suas dúvidas, para poder tomar o remédio com confiança. Eu confiava plenamente no meu médico, ele me aconselhou continuar com a medicação até minha neném completar um ano, pois se parasse antes, os sintomas poderiam voltar.
  • Alguns remédios podem engordar, pois aumentam o apetite, mas não pense nisso agora. O principal é tratar a depressão, e garantir uma boa qualidade de vida para vc e para seu bebê. O peso vc terá todo o tempo do mundo para perder. Eu, agora, depois de um ano, estou voltando ao meu peso de antes de engravidar, faltam 3 quilos para tal. Você tem que avaliar o custo benefício.
  • Não estou fazendo apologia ao uso de medicação, só quero dar um alerta, pois por medo de ter que tomar algum remédio (tinha medo que fizesse mal para a neném), eu fiquei durante algum tempo mascarando, disfarçando, tentando esconder que eu não estava bem. Hoje, eu olho para trás e agradeço a Deus e meus familiares e amigos por terem tido compreensão comigo, e me alertado. Tudo acabou bem. Mas eu poderia ter sofrido menos se tivesse pedido ajuda antes.
Gente, esse é um assunto bem polêmico, eu mesma não entendia certos quadros de depressão pós parto, e até duvidava de muitos. Só quem passou por isso sabe realmente o que é a agonia, a tristeza, na sua real dimensão. Hoje eu vivo plena e feliz. Depois que eu tratei esse problema, passei a curtir a maternidade ao máximo. Aprendi a relaxar e a curtir cada momento. Por isso, ao menor sinal, conversem com alguém de confiança. E fiquem também de olho vivo nas grávidas que vocês conhecem. Hoje eu sei que muitas sofrem em silêncio, e algumas conseguem passar por essa barra e se restabelecer sozinhas, já outras não! É com essas que me preocupo. Por isso gente, olho vivo, liguem seus alertas, e qualquer sinal, por menor que seja, conversem com seu médico. Beijos!!!!!!!!!

10 comentários:

  1. Oi Luh, muito interessante seu blog, toda vez que vocêcoloca um post nova eu entro pra dar uma olhadinha. E este me chamou bastante a atenção e até me deixou uma dúvida:"Uma mulher que já tem disposição a ficar mais triste durante a TPM,corre mais risco de sofrer com depressãopós-parto depois?"
    Parabéns pelo blog e pela família linda.
    bjos

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  2. Nossa..Luh muito bom esse post.
    Adorei!!! Vou me lembrar sempre disso..bjaoo
    Carol

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  3. Oi Tânia, td bem? Então, eu não tenho certeza, vou até conversar com o médico da nossa equipe, mas eu acredito que sim. Eu sempre tive muuuuuita TPM, meus hormônios sempre estiveram em ebulição dentro de mim. Vou pesquisar sobre o assunto e te dou um retorno, ok? Obrigada pelo apoio, bj, saudades de vc guria!!!!!!
    Carolindaaaaaaa....saudade!!!!!Bju!!!!!!

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  4. Oi Luh, tudo bem sim! então nem casei ainda e filhos vão demorar mais é sempre bom estar atenta nestes assuntos,sempre tem alguém precisando de ajuda,hehehe.

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  5. ADOREI o post... vou guardar as dicas junto com as outras!!!! E, qdo ficar grávida, vou fazer ocnsultas com vc... Me aguarde, heheehhe!!!
    Bjosss... saudades guria

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  6. Hahahahahaha...que legal Rosi, pode me ligar a vontade, estarei sempre a sua disposição. Imagine se não vou ajudar a minha "filhinha'? Bjs guria, to com saudade!!!!!!!

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  7. Respondendo a pergunta da Tania: conversei com uma amiga minha, psicóloga, e segundo ela, não há relação entre a TPM e a depressão pós parto. Existe sim uma relação entre a TPM e a endometriose.

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  8. Bom saber para quando estiver esperando meu nenem. Ê mamãe que cuida bem do bb. Boa Páscoa querida.

    por Késia Mara

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  9. Tenho uma certa resistência em tomar medicamento... estou com uma receita guardada....
    Me identifiquei muito com sua hisória. Minha filha também foi e é muito desejada, então me culpo por sentir muitos medos... Agora é que estou perdendo um pouco o medo de ficar sozinha com ela, e olha que ela já está com 2 meses e meio.

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  10. Então Su, no meu caso eu confiava e confio plenamente no meu médico, ele é especialista em DPP, e mesmo assim eu me senti meio desconfortável ao começar a tomar a medicação, inclusive comprei a primeira receita quando ela estava quase vencendo, um mês depois. Mas foi evidente a minha melhora, e aí vc tem que avaliar com seu médico e familiares o custo benefício em se tomar uma medicação. As vezes o estado mental que nos encontramos em meio a uma crise é pior para o bebê do que o remédio. Sinceramente, não percebi nada de estranho com minha bebê, continuei amamentando normal, e ela é muito esperta, saudável e ativa. Não deixe de conversar com os outros, falar e desabafar ajuda muuuuuito, não guarde esses sentimentos pra vc. Logo passa, agora parece que não, mas depois tudo melhora....só não se esconda, nem mascare seus sentimentos. Se permita sentir todos esses sentimentos, vivenciá-los e então tratá-los, seja com remédios ou não. Quando negamos um problema,ou um sentimento, acabamos fugindo dele, enquanto isso ele cresce dentro da gente. Qualquer coisa, estamos aí para dar apoio!!!!!Bjs!!!!!!!!!Bem vinda ao Blog.

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